terça-feira, 2 de junho de 2009

"Além de ser réplica poética do realismo irónico queirosiano (...) o realismo de Cesário Verde será o seu esforço de autenticidade anti-retoricista...

A poesia de Cesário Verde é imbuída de um realismo autêntico que perpassa nos seus versos de uma forma sincera através de uma linguagem simples e mesmo coloquial.
Manuseando a língua de forma soberba, mas natural, consegue, através da utilização magistral do adjectivo e do advérbio, como só Eça teve arte, criar sugestão ao leitor pelo imediato da surpresa da relação verbal que de forma lógica e extensa se desvaneceria.
Por outro lado, valoriza poeticamente o vocabulário corrente da linguagem coloquial urbana, levando o leitor a dar atenção a cada pormenor, mas abrindo-lhe, simultaneamente, novos horizontes, saltitando entre a sátira ou a degradação da vida urbana que nos oprime e a beleza real que nos liberta numa explosão de sentidos. O campo, a verdura dos prados e dos montes, o aroma e a cor das flores e dos frutos, o pulsar enérgico da cidade que se manifesta no batuque dos calceteiros ou no toque das grades das cadeias, na visão das varinas vestidas de negro ou dos operários enfarruscados, nos arrepios de frio no Inverno ou no calor do sol no Verão, eram a seiva que alimentava a sua liberdade poética.
Tal como Eça de Queirós que delicia o leitor com o seu realismo irónico, também Cesário Verde, ao reagir contra o romantismo piegas de uma poesia sentimental, descobre um tom natural, levando o leitor a experimentar um imaginário infeliz.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Menina e Moça, Bernardim Ribeiro

Bernardim Ribeiro foi um escritor português da época renascentista, pensasse que este tenha nascido em 1482 e ter falecido passados 70 anos em 1552. Frequentou a universidade durante 5 anos e para além de poeta foi ainda escrivão de D. João III.
Este era um verdadeiro amante da escrita tendo como maior e mais conhecida obra “Menina e Moça”, uma novela marcada quer pelo plano da história literária quer pelo seu conteúdo.
Esta novela baseia-se no amor, na natureza, na mudança e na distância. Bernardim Ribeiro desprendeu-se da ficção contemporânea para adoptar o estatuto de narrativa feminina, enunciando a solidão e a saudade nesta importante figura humana. Bernardim terá frequentado a corte de Lisboa, mais tarde foi viver durante algum tempo para a Itália onde apreendeu mais sobre literatura.
Basicamente a sua obra resume-se a doze composições insertas no Cancioneiro Geral, a cinco éclogas e a novela “Menina e Moça”.

sábado, 20 de dezembro de 2008

“Palavra e Utopia” é o título de um filme que tem como realizador Manoel de Oliveira. Este, tem como personagem principal o Padre António Vieira, falando acerca da sua vida e fazendo referência ao “Sermão de Santo António aos peixes” pregado no Brasil na cidade da Baía.
Este complexo texto faz uma crítica dirigida aos peixes, mas o seu verdadeiro alvo é a sociedade de então.
O Padre António Vieira teve uma vida difícil. Sofreu as intrigas na corte, enquanto amigo do rei D. João IV. Mais tarde foi proibido de falar em publico pela inquisição e no fim da vida acabou por ter problemas de locomoção e sofrer de uma completa cegueira o que evidência um desvanecer da figura criada até aqui.
A retórica traduz o acto de convencer alguém através de um discurso sobre temas que não têm resposta ou solução clara. Penso que é isto que Vieira faz aos seus ouvintes quando está a pregar na igreja, tentando convencer um auditório que nem sempre é muito receptivo.
Para quem quiser saber mais sobre a vida de Padre António Viera aconselho este filme de Manoel de Oliveira.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Debate quinzenal: situação económica internacional do Primeiro Ministro

Senhor PresidenteSenhoras e Senhores Deputados

1. A gravidade da situação económica internacional
O Mundo enfrenta uma situação muito difícil. A crise financeira, desencadeada nos Estados Unidos, alargou-se ao sistema financeiro Mundial e assume hoje proporções de muita gravidade. Os efeitos desta crise financeira fazem-se já sentir na economia real, com impacto na confiança, nas restrições ao crédito e no abrandamento da actividade económica. Todos os países reviram em baixa as suas previsões económicas e algumas economias europeias admitem mesmo ter entrado já em recessão.
O impacto desta conjuntura internacional desfavorável reflecte-se, como era inevitável, na economia portuguesa. Por isso mesmo, o processo de recuperação económica que, de forma sustentada, temos vindo a percorrer, teve um abrandamento. Apesar disso, a economia portuguesa continua a crescer, com uma inflação que é a segunda mais baixa da zona euro e apresenta resultados visíveis na redução do défice orçamental, sustentados na contenção da despesa pública.
Mas é justo dizer, com convicção, que o sistema financeiro nacional tem sido capaz de enfrentar, de forma positiva, esta situação difícil.
Porém, para que não subsista a mínima dúvida, reafirmo aqui o que já foi dito por mim próprio e pelo Ministro das Finanças: o Estado cumprirá o seu dever, garantindo a segurança dos depósitos dos portugueses!
Mas também quero deixar claro que, para o futuro, não pode ficar tudo na mesma. O que aconteceu, como bem disse um conhecido prémio Nobel, não foi mais uma crise bancária, foi um escândalo bancário. O que aconteceu não foi uma crise como as outras. Foi o resultado escandaloso de lógicas de gestão orientadas para o imediato, uma regulação totalmente permissiva, práticas abusivas e uma ganância com proporções históricas.
A regulação efectiva dos mercados financeiros, que era há muito exigida pelas correntes do pensamento social europeu, tornou-se hoje uma necessidade evidente para todos. Mas sejamos claros: nesta crise financeira há uma ideologia derrotada. E quem sai derrotado são os apóstolos do Estado mínimo e do mercado desregulado. Quem sai derrotado são aqueles que, durante anos a fio, enalteceram as virtudes imbatíveis de um mercado entregue a si próprio. Quem sai derrotado são aqueles que sempre professaram a sua fé na mão invisível do mercado, para agora, à falta da outra, reclamarem a intervenção da mão bem visível do Estado! (ANÁFORA)
2. Responsabilidade – a palavra-chave
A palavra-chave para definir a resposta política que devemos dar a esta situação difícil é a palavra «responsabilidade».
Responsabilidade no rigor orçamental e no caminho das reformas; responsabilidade no apoio às empresas, ao investimento e à criação de emprego; e responsabilidade no apoio às famílias.(ANÁFORA)

3. Responsabilidade no rigor orçamental
Portugal realizou nos últimos anos um progresso muito significativo no equilíbrio das suas contas públicas. Esse ganho é absolutamente fundamental para a nossa credibilidade externa, para as empresas e para as famílias – e não pode ser agora desbaratado. Continuaremos, por isso, uma política séria, de rigor, agora numa conjuntura ainda mais complexa e exigente.
Estou agora em condições de afirmar que cumpriremos o nosso objectivo orçamental: este ano alcançaremos um défice de 2,2%. Uma vez mais, o valor mais baixo da democracia portuguesa! (PERÍFRASE)
E o Governo não irá permitir que o País entre, de novo, num ciclo vicioso de incumprimento-correcção-incumprimento nas contas públicas. Isso seria andar para trás e atraiçoar gravemente todo o esforço feito pelos portugueses ao longo dos últimos três anos. Mas iria também afastar-nos, por tempo indeterminado, dos fundamentos sólidos para a recuperação e para a convergência.



Também aqui, o caminho a seguir é só um: o da responsabilidade. No Orçamento para 2009 manteremos uma política de rigor, com o necessário controlo da despesa pública e a contenção do défice orçamental (ENUMERAÇÃO), em condições adequadas às incertezas da actual conjuntura económica.

Este discurso foi feito pelo Primeiro-Ministro numa das suas intervenções no debate quinzenal, no dia oito de Outubro de 2008, sobre a situação económica internacional e é dirigido aos presentes na Assembleia da República. Na minha opinião o discurso, concorde-se ou não com o que diz, está bem estruturado e fundamentado. O orador recorre frequentemente a figuras de estilo, procurando enaltecer o seu trabalho e despertar a confiança dos portugueses em relação ao futuro. Ele procura ser convincente através da convicção com que se exprime e de um estilo muito próprio.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Resumo do texto "Memória ao Conservatório Real"

Almeida Garrett, em conferência no Conservatório Real de Lisboa, diz-nos a razão porque oferecer a obra que acabou de escrever “Frei Luís de Sousa”, a esta instituição. Fá-lo porque a considera muito útil à literatura renascente.
Faz a apresentação da história que considera um drama pela forma e uma tragédia pela índole.
Diz-nos que é uma obra carregada de angústia e sofrimento.

Desvenda um pouco da história. Um drama que se abate sobre uma família e que leva à sua destruição. A morte para o mundo de dois seres que se amam e que esperam como única saída para a salvação das suas almas a entrada para o convento.
Ele, Manuel de Sousa Coutinho, mais tarde Frei de Luís Sousa, fora um homem honrado, um amante dedicado, um pai extremoso e um cristão temente a Deus, sofre agora mais que qualquer um.

Ela D.Madalena de Vilhena, sofre de vergonha e de dor.
Refere ainda as fontes a que foi beber para escrever a obra, mas diz não se ter sentido obrigado a seguir facilmente os acontecimentos, quer cronologicamente quer a história em si.

domingo, 5 de outubro de 2008

"Primeiro estranha-se, depois entranha-se"


"Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra" (Álvaro de Campos)

"Seja qual for a linha da moda na Toilette feminina é sempre indispensável uma cinta Pompadour."

"Uma cinta Pompadour veste bem e ajuda sempre a vestir bem."
“ Os nossos olhos são diferentes todos os dias”. Pensemos então naquilo que nos rodeia, desde a pessoa mais importante ao mais simples dos objectos. Será que são eles que mudam ou somos nós que os vemos de maneira diferente? Será que isto é possível?
Isto é uma pergunta complexa e intrigante, mas tudo muda dependendo do nosso estado de espírito. Se estamos alegres, as coisas correm bem, parece que tudo é lindo e perfeito. Mas, se estamos tristes parece que tudo na nossa cabeça e nos nossos olhos fica preto, cheio de tristeza e solidão.
Não é por acaso que se diz “Quando o coração está triste, logo os olhos dão sinal”.
Por outro lado, as pessoas são tão falsas e tão pouco transparentes que mudam dia para dia consoante o que querem alcançar ou o que ambicionam um dia conseguir. Por isso se diz que “As aparências iludem”.
Para mim, a sociedade é reflexo disso, por exemplo, quando uma pessoa é seleccionada para um emprego, por vezes, não é por ser a candidata mais competente, determinada, trabalhadora, mas sim por ser a mais elegante e bonita.
É certo que o aspecto físico conta, mas o mais importante é o interior. É por aí que a pessoa se torna especial e bela.
Quanto ao aspecto físico o que não falta são pessoas com boa aparência, mas isso o mais que as pode tornar serem iguais a muitos outros, sem poderem ser conhecidas pela sua competência mas somente pelos seus atributos físicos.